PREFÁCIO

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Esse livro me pede uma franqueza que ninguém deve ter. Então, caros olhos que me acompanham, se você se sentir confuso e, talvez, encontrar semelhanças pessoais com os personagens, não entre em pânico, não é uma coincidência fatal. É só que a loucura é a realidade em outro formato e até mesmo as geometrias pessoais se encaixam.


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11.10.08

Capítulo 8


- Belinda Sodré? – surgia uma voz forte do meio do abismo.


Era um oficial bem trajado, alto, forte e armado, com roupas impecáveis como o seu orgulho, perguntando a uma mulher que aparentava insanidade completa, caída ou melhor, despejada em um banco de praça qualquer, com os cabelos bagunçados (tão eriçados que o termo chega a soar como elogio) e roupas esfarrapadas e imundas.


- Não! Pra você eu sou a princesa das esponjas falantes!


Ela tombou do banco e terminou com uma risada esquizofrênica e bêbada. Não, trêbada e estridente, melhor dizendo.


- É essa mesma, levem-na. – disse, virando-se para os outros dois que o seguiam.
...


E a liberdade dura pouco para os que entorpecem com a verdade.

...

- Acho engraçado...
- O quê, Bel?
- Meu amor por você seria imortal se ele simplesmente acabasse.
- Você diz que é como se a morte alimentasse uma esperança de que ele seria infinito? Caso um de nós partisse...
- O outro viveria de uma esperança que talvez não fosse verdadeira, porque nunca seria concluída.
- O para sempre sem sempre.
- Talvez a gente devesse se deixar, Fim...
- Mas por quê?
- Não quero que você pense que meu amor é infinito, meu amor é finito, sim.
- Mas é claro que é! Eu sempre soube.
- Soube?
- Onde o seu termina, o meu começa.
Ela me olhou dentro dos olhos e ficou assim por minutos, como que a garimpar uma pedra preciosa. Abriu um sorriso largo:
- Quero te dar um presente, mas você precisa me ajudar a construí-lo...
- E o que é?
- Um guarda-chuva!
- Hã?! Tá achando que vai chover durante muito tempo, é?
- Mais ou menos... É um guarda-chuva que chove dentro dele!
- Mas, Belinda, isso não é exatamente o contrário da função de um guarda-chuva?
- Acaba que é mesmo... Eu... Só queria te deixar algo para se lembrar de mim caso eu não volte mais para o nosso mundo...
- Algo de função oposta?
- Não, Fim! A chuva! Assim você pode me ter quando tiver saudade, é só me imaginar como ela.
- Imprevisível, inesperada e incrível... Você já é a chuva, meu amor.
- Ah... Fim... Vamos então...?
- Claro! Eu também tenho algo pra você, mas é segredo ainda...
- Já sei o que é... Os papéis que você tanto escreve e nunca me deixa ver...
- Vai chegar a hora, meu bem... Vai chegar...
- Ai... Tem algo que me diz que eu só queria que ela não chegasse...

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